MEMÓRIAS LITERÁRIAS II
Tabuada e Super Sapo
Aprendi a ler o mundo com o Super Sapo, na época em que letra se confundia com fonema e a professora dizia "rê", "mê", "si". E nem por isso nos tornamos ignorantes. A educação antiga era feita de respeito ao professor, a quem chamávamos de tia(o), uma extensão da família. Hoje, as tias são modos de dizer de uma criançada mal educada e depositada em sala de aula porque em casa "enchem o saco". O Super Sapo foi a minha primeira cartilha, lá pelos idos de 1993, quando estudei na recém-inaugurada Escola de 1° Grau Pedro Almeida Valadares. A imagem dessa cartilha me trouxe a lembrança desse tempo. O cinza metálico das paredes da escola, as professoras - uma delas anos depois chegou a ser minha colega de profissão -, os mastros das bandeiras. Todos os dias antes da aula cantávamos o Hino Nacional. E à medida que íamos avançando de séries vinha a responsabilidade da memorizar a tabuada. O rito da tabuada era assim: a professora explicava em sala e mandava estudar a tabuada do dia (tabuada do 7). Não lembro se estudava em casa ou apenas na aula. No dia, ela fazia uma fila. Pegava o apagador (é, não sou tão velho e não peguei a época da palmatória) e começava o interrogatório. Se errar (7x6?) uma apagadozada na palma da mão; acertando ganhava-se o prazer de bater no colega com o apagador. Errei a tabuada uma única vez na vida e gravei na mão o incentivo da memória.

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