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MEMÓRIAS LITERÁRIAS III

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 A Casa dos Santos Há milhares de anos, o ser humano deixava de lado o nomadismo para se tornar sedentário. Só esqueceram de avisar a minha família, milhares de anos no futuro, que a tendência que possibilitou o desenvolvimento do homem foi se fixar em um lugar. Há um espírito cigano que ronda a minha família há anos. Nasci no povoado Rio Fundo, em Itaporanga. De lá não trago nenhuma memória, a não ser aquelas que me foram contadas por terceiros, e que um dia ainda contarei. Mudei-me para a cidade com mais ou menos um ano de idade e desde então morei em vários lugares e cidades. Fora de Itaporanga, morada pouca. Sempre voltávamos à terra santa. Lembro bem da Rua da Jaqueira, em frente à casa de Adalgiso, onde alguns anos à frente Maninho teria um mercadinho. Ali vivi pouco tempo, mas guardo boas lembranças. A mais marcante foi justamente a minha partida. Era o ano de 1993. Final de 1993. Meu pai vendeu a nossa casa e comprou o que antes fora uma fábrica de flores, em Salgado. Porém...

MEMÓRIAS LITERÁRIAS II

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 Tabuada e Super Sapo Aprendi a ler o mundo com o Super Sapo, na época em que letra se confundia com fonema e a professora dizia "rê", "mê", "si". E nem por isso nos tornamos ignorantes. A educação antiga era feita de respeito ao professor, a quem chamávamos de tia(o), uma extensão da família. Hoje, as tias são modos de dizer de uma criançada mal educada e depositada em sala de aula porque em casa "enchem o saco". O Super Sapo foi a minha primeira cartilha, lá pelos idos de 1993, quando estudei na recém-inaugurada Escola de 1° Grau Pedro Almeida Valadares. A imagem dessa cartilha me trouxe a lembrança desse tempo. O cinza metálico das paredes da escola, as professoras - uma delas anos depois chegou a ser minha colega de profissão -, os mastros das bandeiras. Todos os dias antes da aula cantávamos o Hino Nacional. E à medida que íamos avançando de séries vinha a responsabilidade da memorizar  a tabuada. O rito da tabuada era assim: a professora ex...

MEMÓRIA LITERÁRIA I

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De Cabritos e Mata-fome Nos anos 90, quando visitava meus avós em Itaporanga (morei uns poucos anos em Salgado), a paisagem urbana da cidade sempre me encantava. Cabritos e Mata-fome se espalhavam por todo lugar. A árvore estava em todas as ruas e era a diversão da garotada. Tirar o Mata-fome exigia habilidade que só o astuto menino Itaporanguense conseguia ter. As técnicas eram variadas. Uns usavam paus retirados de alguma outra árvore próxima, mas havia a desvantagem de desmontar o fruto. Havia os que usavam pedras, e estes também não podiam garantir a integridade do valoroso fruto cor de algodão doce. Os meninos maiores conseguiam se atrepar nos pés de Mata-fome e estes eram os donos das espécimes mais graciosas, as que valiam muito no mercado das carteiras de cigarro. Mata-fome, aliás é nome moderno. Falávamos na época Morta-fome. Isso porque o consumo da doce fruta era muito comum entre a garotada, que as revezava entre mangas, goiabas e manjelão. Cada fruta tinha a sua temporad...