MEMÓRIA LITERÁRIA I
De Cabritos e Mata-fome Nos anos 90, quando visitava meus avós em Itaporanga (morei uns poucos anos em Salgado), a paisagem urbana da cidade sempre me encantava. Cabritos e Mata-fome se espalhavam por todo lugar. A árvore estava em todas as ruas e era a diversão da garotada. Tirar o Mata-fome exigia habilidade que só o astuto menino Itaporanguense conseguia ter. As técnicas eram variadas. Uns usavam paus retirados de alguma outra árvore próxima, mas havia a desvantagem de desmontar o fruto. Havia os que usavam pedras, e estes também não podiam garantir a integridade do valoroso fruto cor de algodão doce. Os meninos maiores conseguiam se atrepar nos pés de Mata-fome e estes eram os donos das espécimes mais graciosas, as que valiam muito no mercado das carteiras de cigarro. Mata-fome, aliás é nome moderno. Falávamos na época Morta-fome. Isso porque o consumo da doce fruta era muito comum entre a garotada, que as revezava entre mangas, goiabas e manjelão. Cada fruta tinha a sua temporad...